quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

TIMOR, UMA LONGA LUTA QUE A REPÚBLICA SOUBE APAGAR

A luta pela lusofonia, sempre foi uma aspiração concretizada no terreno pelo Herdeiro ao Trono Português. Preso entre uma ditadura que se opunha às livres aspirações dos povos de lingua portuguesa e a ligação fraterna que unia os povos que falavam a lingua de Camões, que reconheciam desde longa data os Reis de Portugal como seus, a luta por esse Portugal que não confundia as habituais paradas de timorenses vestidos de minhotos do velho slogan :”Portugal do Minho a Timor” com a realidade muito mais complexa. A Republica (a democrática e a “menos democrática”) fez de tudo, desde puro exílio até barcos avariados para não perder o holofote sobre os seus gordos “filhos pródigos” em deterimento daquele que não tendo Trono é reconhecido com Rei de Portugal de “Minho a Timor”.
Foi preciso Portugal entrar na I Guerra Mundial com milhares de mortos e uma economia falida para que se salvasse a única coisa que tornava Portugal relevante na geopolitica internacional: os territórios de “Além-mar”. Em boa verdade Lisboa , a republicana que ia de S. Bento ao Chiado, não via nas colónias mais do que “um quintal que saia demasiado ao erário Público” nas próprias palavras de Salazar (que só em plena guerra colonial viria a alterar a politica colonial). Esta visão reducionista fez as suas vitimas, primeiramente nos próprios monárquicos com , não menos que o ex-governador de Angola, Paiva Couceiro a escrever a Salazar chamando-o de “inapto” para gerir o legado territorial da nação e fazendo voz publica do erro que o Acto Colonial significava para o futuro. Paiva Couceiro teve razão, menos sorte tiveram os portugueses que lá viviam.
A visão das várias repúblicas nunca foi diferente da do “quintal” e o resultado foi a pura entrega desses territórios a todo o tipo de vilanagem. Não admira que o reconhecimento destes povos, note-se …povos! tenha sido sempre uma pedra no sapato dos mais altos representantes de um regime que nunca teve semelhante reconhecimento pelo seu próprio povo….. falamos de Portugal.

Dom Duarte na senda da Lusofonia

quando chega à maioridade Dom Duarte Começa a fazer declarações públicas incómodas, como aquela em que defendeu a autonomia de Cabinda. Em 1971, foi transferido para a Metrópole, por ordem de Marcello Caetano, numa tentativa frustrada de o silenciar e, entretanto, acaba por ser desmobilizado. Posteriormente, em 1973, tentou organizar uma candidatura de oposição às eleições, em Angola; foi então que Marcello Caetano ordenou a sua expulsão daquele território, com escolta da polícia política.
O excessivo centralismo político da metrópole conduziria inevitavelmente à génese dos movimentos independentistas. Dom Duarte era partidário de uma maior participação dos africanos na vida pública e a evolução para a democracia enquadrava-a numa federação ou comunidade lusófona, com uma única moeda e Forças Armadas, mas com administrações locais eleitas pelas populações, que poderiam exprimir a sua vontade com independência. Desse modo, respeitar-se-iam as liberdades dos povos, ao mesmo tempo que perduraria o «sentido histórico comum». Esperanças baldadas… as estruturas democráticas e a consulta das populações são realidades ainda miríficas, passados mais de vinte anos desde a estada de Dom Duarte em Angola.
Alguns chefes indígenas de África guardavam na memória a visita do Príncipe da Beira, Dom Luís Filipe, filho de Dom Carlos, em 1907. A ligação aos povos do «Império» vem deste período particularmente marcante da sua vida: Dom Duarte sente um dever moral para com estes povos que falam português, como de resto já o sentira seu pai.
Quando se deu o 25 de Abril, estava Dom Duarte no Vietname, depois de uma viagem a Timor e à Indonésia. A sua jornada por Timor, durante o mês de Março, terminara com nova expulsão. Dom Duarte visitou o interior da ilha com Mário Carrascalão, seu antigo colega em Agronomia, e, quando se preparava para uma conferência, foi convidado a dar uma volta num navio cia Marinha Portuguesa, que avariou propositadamente.
Na longínqua decada de 80 do séc. passado, Dom Duarte foi presidente da Campanha “Timor 87”, uma campanha nacional da apoio à independência de Timor-Leste (antiga colónia portuguesa que era, na época, ocupada pela Indonésia) e aos timorenses residentes em Portugal e noutros países. Tal iniciativa deu destaque à causa timorense, unindo personalidades como Maria Cavaco Silva, esposa do então Primeiro-Ministro português, João Soares, ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, o Chefe do Estado Maior das Forças Armadas Portuguesas e os representantes das Centrais Sindicais Portuguesas (a Intersindical e a UGT). Esse príncipio veio a culminar na consciência publica de todo o Portugal, fazendo voz publica da indignação face à indiferença de S. Bento à realidade. Quem não se lembra de Durão Barrosoa a apelar ao bom senso e ao politicamente correcto quando em todo o Portugal a unica coisa que se fazia ecoar nas consciências era a imagem de três mulheres a rezaream a Nossa Senhora… também eles rezavam em Português. Recordando uma recente homenagem a Paiva Couceiro: “Portugal só estende as mãos a Deus“…o resultado foi unico com a comunidade internacional a entrar em sintonia a e a forçar a Indonésia a reconhecer algo que foi confirmado em eleições, Timor queria ser independente. Timor já o era há muito e no terreno ficou entre outros apoios, a construção de um bairro de quarenta casas para timorenses desalojados conseguido por Dom Duarte. Através da Fundação Dom Manuel II, a que preside, enviou ainda ajudas para Timor-Leste no valor de várias centenas de milhares de euros muito embora a maior contribuição tenha sido a visibilidade publica que Dom Duarte deu a esta Causa que era “perdida” para a geração do pós 74 que estava no Poder.
A distinção agora recebida por S.A.R., Dom Duarte só será estranha para quem anda a dormir neste País governado por uma muito antiga “canalhocracia”. Felizmente alguns de nós não andam ou já falariamos castelhanos há muito.
Ricardo Gomes da Silva

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